Calvin & Hobbes - Bill Watterson

'Calvin & Hobbes' é uma das duplas mais afamadas da banda desenhada de todos os tempos, e no entanto ainda não tinha tido verdadeiramente contacto com a história destes dois pequenos traquinas que Bill Watterson nos apresenta. Dois livros depois, dizer que estou rendida aos seus encantos é pouco. 

Mergulhar nas histórias de Calvin e de Hobbes é viver a infância toda de novo, beber o nosso próprio espírito infantil e ingénuo (que está perdido algures dentro de nós) e deixar que as suas aventuras nos transportem - como a Calvin para o tempo dos Dinossauros - para um mundo mais criativo, onde tudo é possível - quanto mais não seja na nossa imaginação.

Por isso quando Calvin se transforma no astronauta Spiff ou no seu outro alter-ego, o homem estupendo, também nós nos imaginamos no seu novo mundo imaginado, mesmo que seja apenas um sonho acordado no meio de uma aborrecida aula de matemática. E quando Hobbes ganha vida como um tigre a sério, em lugar do peluche que é quando Calvin o tem consigo junto aos pais, é um melhor amigo que surge para o nosso estupendo protagonista.

Não deixa de ser um pouco triste que Calvin não tenha muitos amigos e se feche, de certa forma, em torno da amizade imaginada com Hobbes. É com ele que constrói bonecos de neve, que forma clubes que só servem para brincar, que joga com a Calvinbola um jogo cuja única regra é nunca ter as mesmas regras, que faz longas viagens de trenó na neve! Apesar de Susie ser uma espécie de amiga, Calvin trata-a como todos os rapazes tratam as raparigas aos 6 anos: com desinteresse e muita brincadeira à mistura.



Hobbes é o amigo presente em todas as aventuras. E se Calvin é um menino super traquina que nunca gosta de fazer trabalhos de casa, que prega partidas à babysitter, gosta de coisas nojentas e nunca está atento nas aulas, é nos momentos fofinhos - por vezes, até, em tiras completas! - com Hobbes que percebemos que esta atitude é uma (ainda) criação de personalidade, e que no fundo Calvin é uma criança com bom coração. É, simplesmente, uma criança.


Este espírito de criança que, ao lermos as suas histórias, nos oferece uma certa compaixão, é o que devemos levar com mais carinho das aventuras de Calvin e Hobbes. A importância de nunca perdermos a nossa criatividade, as pequenas coisas que nos tornam felizes, ainda que a vida se meta pelo meio e a vida adulta nos obrigue a ganhar maturidade. Que todas as caixas de cartão possam, na nossa imaginação, criar duplos nossos ou levar-nos para o tempo jurássico! :)

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