A Arte de Ler


Um rapaz, nos seus quinze, dezasseis anos, vinha no metro acompanhado pela mãe. Tinham estado na Feira do Livro de Lisboa, traziam sacos com livros acabadinhos de comprar. O rapaz tirou de um dos sacos um livro antigo, com as páginas já escurecidas pelo tempo. Começou a falar de forma entusiasmada sobre a obra, como começa e termina, e por isso supus que já o tivesse lido. "Ele vai adorar esse livro, então", disse a mãe. Tratava-se de 'A Arte de Furtar', de autor desconhecido.

Não foi o livro que me chamou a atenção, nem sequer o facto de ser uma compra de alfarrabista da feira. Foi, sim, o entusiasmo do rapaz com a leitura; a forma como falava apaixonadamente do livro e cativava quem o podia ouvir, no metro, incluindo eu própria. É tão bonito quando se observa esta paixão pelos livros, quando nos deixamos embrenhar por eles, esquecendo tudo o resto.

O livro em si também me ficou na cabeça. Já tinha ouvido falar, mas sabia pouco acerca deste 'A Arte de Furtar'. O autor 'Anónimo', diz-se, pode ter sido o Padre António Vieira, mas acredito que parte da magia esteja também neste desconhecimento. A wikipedia conta coisas engraçadas acerca da obra. E quando voltar à feira do livro, andarei à procura dele nos alfarrabistas. É certo.

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